sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Brasil vai reafirmar compromisso de proteção dos biomas em conferência da ONU

O governo brasileiro deve repactuar os compromissos assumidos na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), durante a 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que ocorrerá a partir do dia 19, em Nagoia, no Japão.

Secretário-geral da ONU diz que mundo não freia ritmo de extinção de animais e vegetais
Incubadora do Rio vai produzir mudas para reflorestar Mata Atlântica
Brasil vai trocar dívida externa por proteção ambiental

Ao assinar a convenção, o Brasil havia assumido o compromisso de garantir até 2010 a cobertura, por meio de unidades de conservação, de 10% de proteção de cada bioma e de 30% da Amazônia. A informação foi dada à Agência Brasil pelo diretor de Florestas da Secretaria da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros.

Segundo ele, com um percentual menor do que o da Amazônia, a área protegida nos demais biomas ainda está distante do proposto na CDB. "É uma meta que ainda representa um grande desafio para o país. Mas nós acreditamos que há cada vez mais sinais de que isso é uma prioridade defendida pela sociedade. Nós precisamos aprimorar esses mecanismos de negociação para que a sociedade entenda a necessidade e a urgência dessas ações. E, com isso, a gente tenha maior facilidade para efetivar a criação dessas novas áreas."

Medeiros afirmou que, apesar de não ter cumprido a meta proposta na CDB, o Brasil foi o país que mais contribuiu para a conservação da biodiversidade nos últimos anos. A COP-10 vai trazer ao debate os problemas que estão ameaçando espécies vegetais e animais em todo o mundo. Ele acredita que, na conferência, o país terá maior legitimidade para cobrar os compromissos assumidos pelos outros países, principalmente os desenvolvidos.

O diretor lembrou que as nações industrializadas também são signatárias da CDB e, apesar de não terem mais um percentual de biodiversidade muito significativo, têm um papel importante a desempenhar na negociação internacional, para auxiliar os países detentores de biodiversidade a implementar essas ações nos seus territórios.

Medeiros disse que os biomas do Cerrado e da Caatinga são os que apresentam as maiores vulnerabilidades no que diz respeito à conservação, embora a Mata Atlântica tenha sido o bioma mais impactado ao longo do processo histórico brasileiro.

"Em biomas como o Cerrado e a Caatinga, nós temos uma situação duplamente complicada, que é uma representatividade ainda baixa e a distribuição, no bioma e nas categorias de proteção e uso sustentável, ainda muito desequilibrada". Além disso, ele ressaltou a influência da ação humana sobre os biomas, como o agronegócio, que é um fator de conflito, define.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/814347-brasil-vai-reafirmar-compromisso-de-protecao-dos-biomas-em-conferencia-da-onu.shtml

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mercado voluntário em baixa, porém florestas se sobresaem

O mercado voluntário de carbono continua apático, impactado pela crise financeira global e pela continuidade da recessão, mas a vida prospera no segmento florestal

Os compradores voluntários estão no mercado, mas levando muito mais tempo para conduzir seus programas sabendo que estão em uma boa posição para esperar e apertar os preços, comentou o corretor da Tullet Prebon David Pontis. As empresas ainda estão compensando emissões, mas o mercado parece ser 70% de vendedores e 30% de compradores atualmente, completou Pontis.

Em 2010, o impacto da recessão tem sido agravado pelo fracasso nos Estados Unidos de iniciativas de cap and trade (limite e comércio de emissões) no Congresso, que havia motivado grande parte da atividade em antecipação a um esquema federal. Sem chance da aprovação de um projeto de lei, a atividade nos Estados Unidos agora tem foco na Califórnia e na Western Climate Initiative (WCI), que deve iniciar em 2012.

A enorme, porém em recessão, economia da Califórnia é elementar e os players do mercado estão esperando o resultado das eleições em novembro. Alguns candidatos ao governo, além de uma consulta pública, visam o adiamento da AB-32, a legislação aprovada em 2006 que trata do aquecimento global e dá inicio ao comércio de emissões.

Ao redor do mundo, o volume de VERs (Voluntary Emissions Reduction) é pequeno e a Tullet Prebon relata lances de créditos resultantes de projetos de energias renováveis certificados pelo Voluntary Carbon Standard (VCS) em € 2,50/tonelada de CO2e e oferecidos por € 3 em vintage 2009/10. As VERs futuras estão em € 3,10. As VERs Gold Standard estão sendo leiloadas a € 6 e oferecidas a € 8 para vintages 2009/10, mas até € 2 a menos nos contratos futuros.

Quanto as florestas, apesar do grande interesse nos créditos de desmatamento evitado, o Mercado ainda espera decolar além de algumas poucas transações futuras. A ausência de oferta firme é um fator chave. Mas isto deve mudar em breve após a emissão dos primeiros créditos REDD, sob o VCS, provenientes do projeto Unchindille-Mapanda na Tanzânia e a iminência da expedição dos créditos do projeto Rimba Raya na Indonésia, que deve sair ainda em 2010.

Pontis comenta que grandes parcelas de 100 mil créditos ou mais entrarão no mercado com o Rimba Raya, que atualmente atrai lances de € 5/t e são oferecidos por vendedores a € 7/t tanto para os vintage 2010 quanto para a entrega futura.

Outro ponto interessante no mercado parece estar nas VERs florestais neo-zelandesas. A desenvolvedora de projetos e agregadora de créditos Permanent Forests International relata que 250 mil VERs de alta integridade encontraram compradores europeus e norte-americanos recentemente, com preços similares aos créditos VCS. Estes créditos são gerados sob o programa doméstico de sumidouros de carbono da Nova Zelândia, vêm com uma garantia de permanência do governo e são montados para o mercado voluntário internacional.

Traduzido por Fernanda B. Muller, CarbonoBrasil

Fonte:http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias/noticia=726181

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Rússia estabelece piso de € 10 para o carbono

9/08/2010 - Autor: Fernanda B. Müller - Fonte: CarbonoBrasil

http://www.carbonobrasil.com/?id=725813

A Rússia estabeleceu um preço mínimo de € 10/tonelada para os créditos de carbono gerados no país, segundo uma carta do Sberbank, que administra a Implementação Conjunta, vista pela Point Carbon.

“Estabelecer um piso para o preço das compensações é uma forma efetiva de proteger os desenvolvedores de projetos de preços de mercado voláteis ... (porém) os preços das ERUs continuam relativamente instáveis e os riscos associados podem ser maiores do que os desenvolvedores desejam”, comentou a empresa IDEAcarbon segundo a Reuters.

A Implementação Conjunta é um mecanismo onde um país do Anexo B do Protocolo de Quioto reduz as suas emissões de gases do efeito estufa financiando projetos em outro país do Anexo B, geralmente economias em transição (como a Rússia e países da Europa central e leste), gerando unidade de emissões reduzidas ou ERU (emission reduction unit).

As ERUs estão sendo negociadas na faixa de € 13/tonelada de dióxido de carbono no mercado de balcão.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Discurso ecológico das empresas não convence

12/08/2010 - Autor: Fabiano Ávila - Fonte: CarbonoBrasil/Greenbiz

Pesquisa norte-americana revela que apenas 16% dos consumidores e 29% dos executivos acreditam que as companhias realmente estão buscando boas práticas ambientais para seus produtos e não somente querendo melhorar sua imagem


Não é de hoje que percebemos que as empresas estão “tomando um banho de loja” e se transformando de um dia para o outro em entidades engajadas na luta pela preservação do meio ambiente. Sustentabilidade virou a palavra da moda e praticamente todos os comerciais e rótulos das mais diferentes companhias fazem alguma menção a esse conceito.

Esse tipo de ação já tem até um nome: greenwashing. Numa tradução livre, seria algo como “banho verde” ou "branqueamento ecológico" e geralmente classifica um procedimento de marketing para passar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável.

Porém, essas tentativas não parecem estar sendo tão bem sucedidas como esperam as empresas. Segundo a pesquisa 2010 Gibbs & Soell Sense & Sustainability Study apenas 16% dos consumidores levam a sério as promessas de sustentabilidade das empresas. Mesmo entre executivos, o número dos que acreditam nelas é pequeno: 29%. A pesquisa ouviu 2605 consumidores e 305 executivos norte-americanos.

“Este ceticismo geral sobre o comprometimento empresarial com as questões ambientais é um dos grandes obstáculos para os líderes de negócios nos próximos anos”, afirmou Ron Loch, vice-presidente da Gibbs & Soell.

Mas a crítica também pode ser feita para os consumidores, pois 71% dos entrevistados afirmaram que não pagariam a mais por um produto apenas por ele ser sustentável.

Além do problema do preço, a percepção de que as práticas ecológicas nos negócios são “boas para se ter” e não uma necessidade é outra barreira para que mais empresas busquem melhores práticas ambientais. A maioria dos executivos, 78%, afirmou que a falta de retorno desses investimentos é algo desencorajador.

Apenas uma em cada 10 companhias possui um executivo com o único propósito de promover esforços de sustentabilidade. A maioria delas apenas aloca tarefas verdes nas responsabilidades de empregados já existentes. Mas ao menos 70% delas possuem uma pessoa responsável por iniciativas ecológicas, mesmo essa pessoa tendo outras funções primordiais.

As grandes empresas tem uma tendência maior em dedicar recursos e pessoas para a sustentabilidade. Cerca de 38% dos entrevistados de companhias com menos de 10 mil empregados afirmaram que não possuem ninguém trabalhando nesse tipo de iniciativa, esse número cai para 24% nas com mais de 10 mil funcionários.

“Diminuir essa falha na credibilidade irá requerer um maior emprego de pessoas e capital. É preciso transmitir transparência e consistência nas mensagens para os consumidores”, concluiu Loch.

Fonte:http://www.carbonobrasil.com/#reportagens_carbonobrasil/noticia=725751

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Brasil vai converter dívida em proteção para biomas

CAROLINA GONÇALVES
DA AGÊNCIA BRASIL, NO RIO

O Brasil vai assinar no final do próximo mês um contrato com os Estados Unidos para converter uma dívida de US$ 23 milhões em um fundo de proteção dos biomas brasileiros.

Segundo a ministra de Meio Ambiente, Izabela Teixeira, o acordo foi concluído na semana passada com a autorização do Ministério da Fazenda.

Izabella Teixeira disse que o fundo de proteção deve destinar recursos para atividades de preservação e proteção da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga.

A ministra destacou que essa é a primeira operação de conversão de dívida externa autorizada no Brasil envolvendo a área ambiental.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/776348-brasil-vai-converter-divida-em-protecao-para-biomas.shtml

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mapa da Nasa deve ajudar a medir carbono estocado em florestas

20 de julho de 2010 | 17h 01
estadao.com.br

Os tons de verde refletem a altura do dossel, com o mais escuro representando 70 metros. Nasa

Dados de satélite permitiram criar o primeiro mapa detalhando a altura das árvores das florestas do mundo, informa a Nasa. Embora já existam mapas locais e regionais dando conta da altura do dossel das florestas, este é o primeiro a ter cobertura global e metodologia uniforme.

A agência espacial espera que o trabalho ajude a calcular quanto de carbono existe estocado nas florestas, e qual a velocidade com que esse carbono é reciclado de volta para a atmosfera. O trabalho aparece na revista especializada Geophysical Research Letters.

O mapa mostra que as florestas mais altas do mundo ficam na costa noroeste da América do Norte. O mapa apresenta a altura média do dossel em regiões de mais de 5 km quadrados, não a altura da maior árvore ou de um pequeno grupo.

O mapa tem implicações para o esforço de estimar quando do carbono da Terra está preso nas florestas e a explicar para onde estão indo os 2 milhões de toneladas anuais de carbono "perdido".

Seres humanos liberam cerca de 7 milhões de toneladas de carbono anualmente. Do total, 3 bilhões acabam na atmosfera e 2 bilhões, nos oceanos. Não está claro para onde vão os 2 bilhões de toneladas do saldo, mas cientistas suspeitam que as florestas capturam e estocam boa parte disso sob a forma de biomassa.

"O que realmente queremos é um mapa da biomassa acima do solo, e o mapa de alturas nos ajuda a chegar lá", disse o especialista em ecossistemas terrestres Richard Houghton.

O levantamento foi feito por meio de radares de raios laser, o chamado Lidar. O sistema mede a altura do dossel da floresta disparando pulsos de luz e medindo a diferença entre o tempo que os raios levam para voltar do solo e do topo da mata.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,mapa-da-nasa-deve-ajudar-a-medir-carbono-estocado-em-florestas,583778,0.htm

terça-feira, 20 de julho de 2010

Pesquisa anual revela otimismo para carbono florestal

20/07/2010 - Autor: Fernanda B. Muller - Fonte: CarbonoBrasil

Autores do Forest Carbon Offsetting 2010 afirmam que os projetos de compensação de emissões através das florestas superaram barreiras importantes e estão no caminho certo para conquistar uma maior fatia do mercado


Apesar do fraco resultado do encontro de Copenhague em dezembro passado, 80% dos respondentes da pesquisa Forest Carbon Offsetting 2010 estão otimistas em relação aos projetos florestais como uma opção para compensar emissões especialmente devido aos avanços ocorridos durante 2009 na preparação para a COP 15 e para a implantação de esquemas nacionais (Nova Zelândia, Estados Unidos e Austrália). A análise foi organizada pela Ecosecurities, The Climate, Community & Biodiversity Alliance, Conservation International, ClimateBiz e Norton Rose Group e dá seguimento a pesquisa publicada em 2009.

Os grandes interessados nos projetos florestais, 90% dos pesquisados, são compradores do mercado voluntário particularmente devido ao grande potencial de gerar benefícios adicionais às comunidades e biodiversidade. Por isso, reflorestamento com espécies nativas e desmatamento evitado foram cotados como os projetos mais “altamente desejáveis” por 52% dos questionados.

Os compradores demonstraram preferência pela localização dos projetos em países em desenvolvimento, especialmente a América Latina (74%), África (67%), América Central (67%) e Sudeste Asiático (65%). A preferência por projetos domésticos vem de compradores que estão na América do Norte e Australásia, que se preparam para esquemas regulatórios nacionais.

Muitos participantes disseram que compraram compensações voluntariamente para tornar a sua empresa neutra em carbono, compensar produtos ou serviços específicos ou determinadas atividades (ex: vôos).

Dos questionados, 43% compraram compensações pela primeira vez em 2009, sendo que metade é europeu ou norte-americano e os outros 50% são provenientes da Australásia ou países em desenvolvimento.

Como grande parte dos créditos de compensação são adquiridos voluntariamente, os volumes são pequenos, com 56% dos respondentes comprando menos que 5 mil toneladas anualmente.

Os créditos florestais já foram adquiridos por 55% dos pesquisados, porém apenas um quinto dos compradores os utiliza como opção principal para a compensação das emissões. Eles estão majoritariamente na Australásia (82%), Europa (54%) e Estados Unidos (40%).

O interesse pelos créditos florestais vem principalmente de motivações voluntárias (64%), operação em áreas onde há elegibilidade das florestas nos mercados (39%), o potencial de um esquema global (26%) e filantropia (11%).

A certificação por um padrão reconhecido conta muito para os compradores (89%), que chegam a pagar mais por eles, sendo que o Voluntary Carbon Standard (VCS) é o mais atrativo para 73% dos respondentes, apesar do grande interesse voltado também para o CCB (64%) e MDL (53%). Entre os menos desejáveis está o padrão da Bolsa do Clima do Chicago.

No geral, os dados indicam que os compradores estão dispostos a pagar entre US$ 5-10 por tonelada de CO2e, dependendo da estruturação financeira e tipo de projeto que variam muito.

O relatório foi baseado em repostas de 207 participantes corporativos durante janeiro e fevereiro de 2010 responsáveis pela compra de no mínimo 7,9 milhões de créditos de carbono em 2009, incluindo cerca de 3 milhões de compensações florestais. Em comparação com os volumes de 2008, os questionados representam aproximadamente metade da demanda global por compensações de carbono voluntárias de projetos florestais.

Otimismo

“Os desafios das florestas não são insuperáveis. Isto é evidenciado por uma série de acordos de alto nível fechados durante os últimos anos e cada vez mais em 2009. Esperamos que a oferta de compensações florestais aumentará ao longo dos próximos anos. Esperamos um ano excitante e dinâmico para os mercados florestais de carbono e estamos otimistas (em relação) a grandes avanços regulatórios para este setor”, comentam os autores do relatório.

Os compradores parecem estar cada vez mais convencidos que as barreiras do setor estão sendo superadas, como a não permanência dos créditos florestais (temporários sob o MDL), vazamento e metodologias difíceis, completa o relatório.

“O principal gargalo está na arena política. O setor privado está pronto e esperando para ampliar os investimentos em projetos florestais, resta apenas esperar pelos sinais regulatórios certos”, afirma a pesquisa.

Histórico

O primeiro projeto florestal designado a compensar emissões corporativas através do desmatamento evitado foi desenvolvido em 1989 pela empresa norte-americana de energia AES na Guatemala.

Desde 2006 os mercados voluntários de compensação das emissões têm crescido significativamente, motivados principalmente pelo setor corporativo nos Estados Unidos e Europa. Como resultado, os mercados voluntários de carbono ao redor do mundo somaram 123,4 milhões de toneladas em 2008 e as compensações com base no uso da terra representaram 18% deste volume.

Nos mercados florestais, 2009 apresentou alguns desenvolvimentos importantes. Nove projetos aflorestamento/reflorestamento foram registrados sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), sendo que até o ano passado era apenas um.

No lado voluntário, o Climate Action Registry (CAR) publicou a versão 3 dos seus Protocolos Florestais, aumentando as atividades nos Estados Unidos e o VCS registrou o primeiro projeto de Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra, além de várias metodologias terem sido submetidas à sua análise. A Nova Zelândia também entrou para este mercado com a venda de créditos florestais domésticos.

Os textos sob negociação desde o Acordo de Copenhague (dezembro de 2009) para inclusão em um novo acordo climático global chegaram a uma série de conclusões, como a definição do escopo das atividades sob o mecanismo de REDD , salvaguardas para vazamento e participação dos diferentes interessados, pré-requisitos e fases para participação dos países.

Porém o fracasso na evolução das negociações em outras áreas em Copenhague fez com que o texto para o mecanismo de REDD não fosse aprovado formalmente pelas partes. Isto tende a ser resolvido uma vez que um acordo global legalmente compulsório seja fechado.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Especialistas apostam no mercado global de créditos de carbono

Crise mundial reduziu à metade o preço pago em 2008 pelo equivalente a uma tonelada de gases que contribuem para o aquecimento

13 de julho de 2010 | 19h 13
Agência Brasil

Embora o mercado global de créditos de carbonos ainda não tenha se recuperado dos efeitos da última crise financeira mundial, que reduziu à metade o preço pago em 2008 pelo equivalente a uma tonelada de gases que contribuem para o aquecimento global, especialistas reunidos hoje (13), em São Paulo (SP), se disseram otimistas quanto ao crescimento futuro do setor.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (Abemc), o valor dos créditos já havia caído no ano passado no mundo inteiro, passando de 20 euros por tonelada de gases – equivalente a um crédito de carbono – para 10 euros a tonelada. De acordo com o especialista financeiro da Unidade de Financiamento de Carbono do Banco Mundial, Alexandre Kossoy, esse preço ainda se mantém.

Os profissionais que atuam no setor, no entanto, alegam que dificilmente o segmento voltará a crescer no ritmo que vinha alcançado nos últimos anos antes da crise. Para eles, indefinições governamentais e a necessidade de os países aprimorarem leis têm afastado potenciais investidores, sobretudo as instituições financeiras que, por precaução, preferem aguardar até 2012 para colocar dinheiro em projetos capazes de gerar os créditos por meio da redução da poluição. Daqui a 18 meses, quando se encerra o primeiro período de vigência do Protocolo de Kyoto, muitas das atuais regras terão de ser revistas ou simplesmente deixarão de valer.

Em vigor desde 2005, o protocolo estabelece que, até 2012, os países desenvolvidos signatários do acordo terão que diminuir em ao menos 5,2% o volume de emissão de gases do efeito estufa registrado em 1990. Contudo, para não comprometer a economia destes países, o acordo prevê a possibilidade de os Estados que não conseguirem cumprir tal meta podem comprar no mercado internacional os créditos vendidos pelos países menos poluentes.

Para Kossoy, embora o cenário para o próximo ano e meio não seja dos mais otimistas, a tendência é que a procura por créditos volte a crescer após 2012. "A Europa, por exemplo, não conseguirá por si só reduzir seus níveis de emissão de gases poluentes. Portanto, terá que continuar comprando créditos e a questão então é saber o quanto o mercado poderá crescer", disse Kossoy durante evento promovido hoje (13), em São Paulo (SP), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Bolsa de Valores de São Paulo.

"Atualmente só há garantias até 2012, mas sou otimista em relação ao que virá depois. Hoje, não existe nenhuma indústria europeia que vá pensar em um projeto e não pense em créditos de carbonos. Mas há sim o risco de as empresas quebrarem ou deixarem o mercado devido à falta de garantias de que o mecanismo irá continuar", disse o especialista, acrescentando que o tempo médio de aprovação de um projeto leva em média três anos e que, em 2009, o Brasil abocanhou apenas 3% dos US$ 2.7 bilhões negociados no ano passado.

Para Kedin Kilgore, representante do banco inglês Barclays Capital, a regulamentação internacional do mercado é fundamental para que os investidores se sintam seguros para investir em projetos limpos. "Não se pode esperar investimentos se não se sabe quais serão as regras no futuro. Mesmo sendo diferenciado, o mercado ambiental precisa ser padronizado e tratado como qualquer outro ou então haverá uma depreciação de projetos, já que as incertezas regulamentares tornam impossível fixar contratos de longo prazo".

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,especialistas-estao-otimistas-em-relacao-ao-mercado-global-de-creditos-de-carbono,580704,0.htm

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Banco Mundial e BID veem amadurecimento no mercado de carbono

Por Reese Ewing

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado mundial de créditos de carbono está amadurecendo depois de ser duramente afetado pela crise financeira global, e irá sobreviver ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, disseram funcionários do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) nesta terça-feira.

"Infelizmente, as linhas (de financiamento) de projetos verdes vêm dos mesmos recursos do financiamento bancário regular. Eles são simplesmente uma cereja sobre um financiamento de projetos mais amplo", disse Christophe de Gouvello, especialista do Banco Mundial em desenvolvimento sustentável, num evento sobre o mercado de créditos de carbono realizado pela BM&FBovespa.

"Mas o crédito de carbono está amadurecendo. Ele ainda é jovem, mas está ficando adolescente", acrescentou.

Os projetos "verdes" aos quais Gouvello se refere ajudam as empresas a gerar créditos de carbono, que podem ser comprados por outras empresas que precisem ultrapassar suas metas de emissão de gases do efeito estufa.

O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997, estabelece metas para a redução das emissões em 37 países industrializados e a Comunidade Europeia.

Mas esse tratado expira em 2012, e ainda não há um novo acordo para substituí-lo, o que gera incertezas entre investidores interessados em projetos "verdes" -- como os de preservação florestal ou desenvolvimento de energias limpas.

Mas Gouvello disse que a presença de dezenas de representantes de bancos no evento realizado no Mofarrej Hotel, em São Paulo, é um sinal do crescente interesse das instituições financeiras nos projetos que geram créditos de carbono.

O Banco Mundial tem um fundo de 5,7 bilhões de dólares, com o qual ajuda a financiar tecnologias "verdes" em conjunto com bancos regionais de desenvolvimento, como o BID.

"O mercado já aceitou os padrões de Kyoto para a verificação e monitoramento das reduções de gases do efeito estufa, por meio dos chamados Mecanismos do Desenvolvimento Limpo", disse Maria Netto, especialista em mudança climática do BID. "O mercado dos créditos de carbono irá além de 2012."

Segundo ela, esse mercado tem um apoio sólido, porque muitos países europeus exigem por lei que as empresas compensem suas emissões com a compra de créditos de carbono ou com investimentos em tecnologias e melhorias para reduzir o seu "rastro" de carbono.

"A última (hipótese) é muito mais cara", disse ela.

A especialista afirmou que um dos principais desafios no mercado de créditos é encontrar um sistema transparente de precificação. A maior parte dos créditos é vendida em leilões particulares, e não em bolsas, embora a BM&F tenha eventualmente realizado leilões públicos de créditos de carbono.



Fonte: http://br.reuters.com/article/businessNews

Rossi apresenta “plano safra verde” ao Parlamento Europeu

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, apresentou ao presidente da Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu, deputado Paolo de Castro, um convite para que o parlamentar italiano visite o Brasil nos próximos meses. Ele não apenas confirmou que irá ao país, como também disse que quer ajudar as autoridades brasileiras a melhorar sua relação com a União Europeia.

A iniciativa do ministro tem como objetivo ampliar as negociações para a maior abertura da Europa às exportações brasileiras de produtos agrícolas, como etanol e carne bovina. “Queremos dar as informações necessárias para ampliar o grau de conhecimento sobre o Brasil na Europa”, disse o ministro, à saída do encontro, ocorrido na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas.

Rossi teve um encontro com o deputado no final da tarde da última segunda-feira (12/7). Ele foi apresentar a Castro as medidas adotadas pelo governo brasileiro no último Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, lançado em junho passado, e como o País está promovendo uma “revolução de resultados” em sua produção agrícola.

O ministro relatou que o Brasil vem, reiteradamente, nos últimos anos, quebrando recorde na produção de grãos e alimentos. “E vimos fazendo isso ao mesmo tempo em que mantemos praticamente a mesma área de cultivo. O Brasil amplia sua produção de alimentos de maneira produtiva”, comentou.

Rossi lembrou ao parlamentar os esforços do governo brasileiro para garantir mais comida na mesa dos brasileiros e dos povos de outros países, enquanto preserva o seu meio ambiente. “Eu falei um pouco do que vimos fazendo no Norte, com o projeto Boi Guardião, que impede os pecuaristas de promover desmatamentos sob o risco de não poder comercializar carne bovina”, disse.

Por último, o ministro da Agricultura explicou as medidas que foram tomadas recentemente pelo governo brasileiro para garantir recursos para as boas práticas agronômicas. Ele explicou como o governo federal destinou R$ 2 bilhões no Plano Agrícola para o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que vai incentivar processos que neutralizem ou minimizem os efeitos dos gases de efeito estufa. A ideia é difundir uma nova agricultura sustentável para redução do aquecimento global, a ser adotada pelos agricultores nos próximos anos.

Além dos recursos do ABC, o governo prevê outras linhas de financiamento para projetos de produção sustentável no campo: o Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa) e o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora). “O Brasil caminha para mudar radicalmente sua produção no campo, dando exemplo para o mundo de como é possível produzir alimentos e preservar o meio ambiente”, concluiu Rossi.


Olímpio Cruz Neto,
Mapa

Fonte:http://www.grupocultivar.com.br/noticias/noticia.asp?id=40826

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Notícias compartilhar | | mais Ruralista aprova inclusão de área permanente em reserva

08/07
Abnor Gondim

BRASÍLIA - A aprovação da reforma do Código Florestal brasileiro foi comemorada por proprietários rurais e empresas plantadoras de florestas por prever, entre outros pontos, a incorporação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) no cálculo da área de reserva legal. Este foi um dos motivos que levaram a candidata à Presidência da República pelo Partido Verde, Marina Silva, a anunciar ontem(7) que vetará o projeto relatado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) caso seja eleita presidente. A matéria foi votada em comissão especial e segue para ser apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, sem data definida.

Em entrevista ao DCI, o presidente da Associação dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), César Reis, avaliou que a incorporação das APPs no cálculo da área de reserva legal representa "uma margem de conforto" para os proprietários rurais.

Isso se dá porque, explicou, as empresas ficam com uma folga de área para não caírem na ilegalidade, caso os tamanhos dos percentuais de reserva legal sejam aumentados futuramente. Citou como exemplo o caso do aumento da reserva legal na Amazônia Legal, cujo percentual saltou de 50% para 80%.

"A incorporação das APPs na reserva legal não visa a destinar essas áreas ao desmatamento", reagiu o presidente da Abraf. "O novo Código estabelece o desmatamento zero, proposta que também defendemos", explicou.

Também foi muito bem recebida pela Abraf a permissão prevista na reforma do Código para aproveitamento de plantios em topo de morro. Segundo a Abraf, há no País 600 mil hectares de áreas plantadas em cima de morros, inclusive culturas de maçã e café que não podem ser colhidas por proibição do governo federal.

Em São Paulo, Marina Silva conclamou a sociedade a mobilizar-se para impedir que as mudanças propostas no Código Florestal sejam aprovadas no Senado. "Na Câmara, são 513 deputados, e no Senado, 81 senadores. Espero que a sociedade possa dialogar com cada um como fez com o [projeto] Ficha Limpa para que a gente não continue sujando as fichas das nossas florestas com esse tipo de retrocesso."

"O parlamento voltou a exercer suas atribuições, porque a legislação ambiental foi conduzida por milhares de atos administrativos sem a participação da sociedade", afirmou o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), um dos líderes da bancada ruralista. "Essa reforma é para os grandes proprietários que querem aumentar a área desmatada", rebateu o deputado Ivan Valente (Psol-SP).

Outra novidade que anima as empresas responsáveis pelo plantio de florestas é a permissão de usar espécies exóticas, em vez de vegetação nativa, nas áreas desmatadas. Isso estimula principalmente produtores de óleo de palma que querem ampliar seus investimentos na Amazônia.

DCI - Diário do Comércio & Indústria
Fonte:http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=145596

Florestas tropicais são maiores "máquinas" de absorver CO2

As florestas tropicais, como a Amazônia, são as máquinas de fotossíntese mais eficientes do planeta. Um novo estudo internacional mostra que elas absorvem um terço de todo o gás carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano.

Pela primeira vez, cientistas calcularam a absorção global de CO2 pela vegetação terrestre: são 123 bilhões de toneladas do gás por ano.

"É o dobro da quantidade de CO2 que os oceanos absorvem", diz Christian Beer, do Instituto Max Planck para Bioquímica, na Alemanha. Ele é coautor do estudo, publicado na revista "Science".

Selvas tropicais respondem por 34% da captura. As savanas, por 26%, apesar de ocuparem o dobro da área.

Um outro estudo, publicado na mesma edição da "Science", mostrou que a temperatura influencia pouco na quantidade de carbono exalado pelas plantas quando elas respiram.

Havia temores de que o aquecimento global pudesse acelerar as taxas de respiração, fazendo com que florestas se convertessem de "ralos" em fontes do gás, agravando mais o problema.

Juntos, esses dados devem ajudar a melhorar os modelos climáticos, que dependem do conhecimento preciso do fluxo de carbono entre plantas, atmosfera, oceanos e fontes humanas do gás.

O trabalho de Beer também ressalta a importância das florestas secundárias na Amazônia como "ralos" para o CO2 em excesso despejado no ar por seres humanos.

Isso porque, apesar de absorverem muito carbono por fotossíntese, as florestas tropicais devolvem outro tanto ao ar quando respiram.

Florestas em regeneração, por outro lado, fixam muito mais carbono do que exalam.

O estudo usou dados de uma rede internacional, a Fluxnet, que reúne centenas de torres que servem como postos de observação pelo mundo, analisando os fluxos de CO2 na vegetação ao redor.

No Brasil há quase uma dezena de torres de fluxo, a maior parte delas instaladas na Amazônia.

"Mas ainda sabemos pouco, por exemplo, sobre pontos de transição abrupta ligados ao clima, como florestas em savanização", diz o biólogo Antonio Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. "E ainda existem ambientes pouco mapeados, como pântanos e brejos."

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/764401-florestas-tropicais-sao-maiores-maquinas-de-absorver-co2.shtml

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ministra questiona reforma do Código Florestal

FABÍOLA GOMES - Agência Estado

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reforçou a necessidade de modernização do Código Florestal, mas afirmou que a pasta discorda de vários pontos apresentados na proposta de reforma do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado nesta semana pela comissão especial da Câmara dos Deputados. Para a ministra, é preciso incluir no debate a viabilidade econômica da recuperação de reservas ambientais. "Qual é o custo para o pequeno produtor recuperar áreas de reserva? Como cumprir as determinações? Estas são questões que ainda precisam de respostas. Ninguém discutiu a questão custo da reserva legal", disse ela durante apresentação dos resultados do 3º ano de Monitoramento da Moratória da Soja, realizada hoje, em São Paulo.

"Tivemos muitos avanços, mas a questão florestal é muito diversa. Não está restrita a algumas regiões. Precisa ser tratada de forma diferente na Amazônia e nas outras regiões, como o Sudeste do País", afirmou a ministra. Izabella observou que o custo médio de recuperação de áreas degradas é de R$ 5 mil por hectare. "Trata-se de um desafio enorme. Precisaremos saber o custo desta operação, que estratégia seguir, como solucionar", afirmou. A ministra não detalhou quais itens necessitariam ser alterados, mas afirmou que "a questão não pode ser decidida no grito, mas com um debate que considere as bases científicas", afirmou. Segundo ela, o debate precisa incluir estas questões antes de seguir para o plenário com um texto mais claro e objetivo.

Zoneamento

A ministra informou ainda que a pasta está trabalhando para concluir o zoneamento econômico e ecológico até o final deste ano, medida que deve ajudar no cadastro e registro das propriedades na região. O ministério também estuda medidas para coibir o desmatamento em áreas de proteção ambiental. "Estamos discutindo a viabilidade de que o desmate nestas áreas seja classificado como crime ambiental inafiançável", afirmou.

Izabella considera que o trabalho de monitoramento do cultivo da soja no Bioma Amazônico ajuda a entender a dimensão do problema. "O impacto da soja na região é pequeno, apenas 0,36%. Mas o estudo mostra que é preciso centralizar a discussão na cadeia pecuária, por causa do desmate para abertura de pasto", afirmou. "Este é um grande desafio para o ministério", acrescentou a ministra.
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ministra-questiona-reforma-do-codigo-florestal,578454,0.htm#

quarta-feira, 24 de março de 2010

Após críticas de 'exagero', FAO vai rever impacto da indústria da carne no clima

24/03 - 06:59 - BBC Brasil


Especialistas da ONU vão voltar a analisar o papel da indústria da carne nas mudanças climáticas, depois que um relatório sobre o tema foi acusado de exagerar a relação entre os dois fenômenos. Um relatório de 2006 concluiu que a produção de carne é responsável por 18% das emissões de gases nocivos ao ambiente.

Pelo relatório, a indústria da carne polui mais do que o setor de transporte.

O relatório vem sendo citado por ativistas e celebridades que fazem campanha por dietas mais baseadas em vegetais, como o ex-beatle Paul McCartney. No ano passado, o músico lançou uma campanha com o lema "Menos carne = menos calor".

Mas uma nova análise, apresentada em um encontro científico nos Estados Unidos, afirma que a comparação com o transporte é equivocada.

Mais fome
Reduzir a produção e o consumo traria benefícios menores ao meio ambiente do que o que se acreditava, afirma o cientista Frank Mitloehner, da Universidade da Califórnia em Davis (UCD).

"Pecuária mais inteligente, não menos pecuária, é igual a menos calor", disse ele na conferência da Sociedade Americana de Química, em San Francisco.

"Produzir menos carne e leite só vai significar mais fome em países pobres."
Algumas figuras centrais no debate sobre mudanças climáticas - como o diretor do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), Rajendra Pachauri - têm citado o índice de 18% produzido pelo relatório como um motivo para as pessoas reduzirem seu consumo de carne.

O relatório de 2006 - intitulado A Grande Sombra do Gado, publicado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura - chegou ao índice de 18% somando todas as emissões de gases nocivos ao ambiente associados à produção de carne, desde a fazenda até a mesa.

Isso inclui a produção de fertilizantes, técnicas para abrir campos, emissões de metano da digestão dos animais e uso de veículos em fazendas.

Transporte
No entanto, o professor Mitloehner afirma que os autores do relatório não calcularam as emissões do setor de transporte da mesma forma, se limitando a usar dados do IPCC que só incluem queima de combustíveis fósseis.

"Essa 'análise' tendenciosa é uma clássica comparação de 'maçãs com laranjas', que realmente confundiu o assunto", disse ele.

Um dos autores do relatório da FAO, Pierre Gerber, disse à BBC que aceita a crítica feita por Mitloehner.

"Eu tenho que dizer que, sinceramente, ele tem razão em um ponto - nós analisamos tudo na produção de carne, e não fizemos a mesma coisa com transporte", disse ele.

"Mas o resto do relatório eu creio que não foi realmente contestado."
A FAO está preparando agora uma análise mais abrangente de emissões do setor de alimentos, disse Gerber.

O relatório será concluído até o final do ano e deve permitir comparações mais precisa entre diferentes tipos de dietas - tanto com carne como vegetarianas.

Organizações usam métodos diferentes para alocar emissões entre setores da economia.

Em uma tentativa de capturar tudo que é associado com produção de carne, a equipe da FAO inclui contribuições, por exemplo, de transporte e desmatamento.

A metodologia usada pelo IPCC separa emissões de desmatamento em uma categoria diferente, mesmo que algumas árvores tenham sido derrubadas para contribuir para a agricultura. O mesmo acontece com o transporte.

Por isso, para alguns analistas, o índice de 18% de emissões produzidas pela indústria da carne no relatório da FAO é tão elevado.

A maioria das emissões relacionadas à indústria da carne vem da abertura de campos - feita por desmatamento - e das emissões associadas à digestão de animais.

Outros cientistas argumentam que a carne é uma fonte necessária de proteína em algumas sociedades com pouca diversidade de alimentos, e que em regiões do leste africano e do Ártico não há possibilidade de plantas sobreviverem. Nesses lugares, a dieta baseada em carne é a única opção.

Mitloehner afirma que em sociedades desenvolvidas, como nos Estados Unidos - onde as emissões do setor de transporte chegam a 26% do total, comparado com 3% da pecuária - a carne é o alvo errado das campanhas de redução de ambições.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2010/03/24/apos+criticas+de+exagero+fao+vai+rever+impacto+da+industria+da+carne+no+clima+9437640.html

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Lula sanciona lei que cria política de mudanças climáticas

Carlos Minc havia anunciado que texto seria sancionado ontem, mas isso só ocorreu na noite desta terça-feira

Reuters

SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou na noite desta terça-feira a lei que cria a Política Nacional de Mudanças Climáticas com três vetos, acertados em reunião realizada na véspera com os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e Edison Lobão (Minas e Energia).

Segundo informações da Agência Brasil, a lei deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial ainda nesta terça.

Lula atendeu a um pedido de Lobão e vetou a previsão de abandono de fontes fósseis, como o petróleo. Outro ponto vetado pelo presidente previa restringir apenas hidrelétricas de pequeno porte as políticas de estímulo governamentais.

Foi vetado ainda, por sugestão da Advocacia Geral da União, a proibição de contingenciamento de recursos para o combate às mudanças climáticas. Segundo o Ministério da Fazenda e a AGU, o dispositivo teria de ser criado por meio de lei complementar.

O projeto, aprovado pelo Senado em 25 de novembro, fixa em lei o compromisso do Brasil de reduzir, até 2020, as emissões projetadas de gases do efeito estufa, dentro do limite que vai de 36,1 por cento a 38,9 por cento.

Para isso, será publicado um decreto presidencial, em que estarão especificadas as iniciativas que cada setor da economia deverá tomar para que a redução nas emissões de gases do efeito estufa seja alcançada.

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/geral,lula-sanciona-lei-que-cria-politica-de-mudancas-climaticas,488389,0.htm

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Obama quer aprovar lei de mudanças climáticas nos EUA

Fontes do Senado dizem que houve progresso, mas ambientalistas estão incertos da aprovação em 2010

Richard Cowan - Reuters

WASHINGTON -

O discurso do presidente Barack Obama no Congresso poderia indicar o quanto ele quer que um projeto sobre aquecimento global seja aprovado, que os oponentes dizem que vai causar desemprego e aumentar os preços - uma perspectiva assustadora para os políticos tentando recuperar a economia em um ano eleitoral.

Obama, que desempenhou um papel dramático na negociação de um acordo sobre mudanças climáticas no mês passado em Copenhague, enfrenta agora resistência econômica e ambiental para aprovar a legislação ambiental interna em 2010.

Funcionários do governo insistem que isso é possível, apesar das dificuldades políticas em um ano eleitoral. "O presidente Obama e esta administração esperam que uma lei compreensiva sobre energia, que incluirá a procupação com o clima, seja aprovada neste ano", disse o secretário de Energia, Steven Chu, na quarta-feira.

Para que isso aconteça, Obama deve colocar um "foco na criação de empregos" da lei climática para construir uma economia americana que daria mais atenção às fontes de energia alternativa do que à queima de carvão e óleo, de acordo com Daniel Weiss, do Center for American Progress. "Quanto mais específico melhor", Weiss acrescentou, sobre o discurso do presidente.

O projeto de lei já foi aprovado na Câmara e está sendo debatido agora no Senado, onde Obama tem que convencer 60 dos 100 membros para aprová-lo.

Na área de incentivos do governo para a expansão da energia nuclear, fontes do Senado disseram que já foram feitos progressos em conversas a portas fechadas em busca de um um compromisso sobre a legislação que esperam aprovar nos próximos meses.

Mesmo assim, os partidários do Senado e ambientalistas dizem que estão incertos quanto à vitória sobre as mudanças climáticas em 2010. Negociações difíceis são esperadas entre os senadores que querem exigir que as indústrias reduzam suas emissões de carbono e os que enxergam um projeto de lei climática como um veículo para também ajudar os produtores nacionais de energia nuclear, petróleo e gás natural. E muitos republicanos estão trabalhando duro para lançar dúvidas sobre se a lei de mudanças climáticas vai criar postos de trabalho.

Dentro das próximas semanas, a senadora Lisa Murkowski poderia forçar uma votação no Senado para impedir a Agência de Proteção Ambiental (EPA) de regulamentar as emissões de carbono como uma alternativa se a legislação sobre o clima não for promulgada. "Esta é uma votação sobre a economia, e não sobre o clima - se estes regulamentos irão prejudicar a economia", disse um assessor de um senador republicano.

Murkpwski representa o estado do Alasca, produtor de petróleo de gás. Se a senadora conseguir obter uma votação expressiva, ainda que menos do que o necessário para aprovar sua medida, alguns republicanos indecisos e os democratas poderiam ter dúvidas sobre a votação ainda este ano para uma lei climática mais abrangente.

Senadores à procura de compromisso

Apesar de todos os obstáculos, um grupo bipartidário de senadores está avançando em um projeto de lei para reduzir as emissões de carbono em 17% dos níveis de 2005 pelas empresas distribuidoras, refinarias e fábricas durante as próximas quatro décadas.

Segundo um porta-voz, o senador John Kerry, que está conduzindo o esforço, espera estar recuperado da cirurgia e de volta a Washington quando o Senado se reunir novamente em 20 de janeiro, para negociar com o senador independente Joe Lieberman e o senador republicano Lindsey Graham. Os dois são a chave para ganhar o apoio dos moderados e conservadores.

Um funcionário do Senado disse que 17 senadores pró-energia nuclear deram entrada ao que poderia se torna a principal disposição da lei destinada a atrair votos republicanos. "Essa parte (de energia nuclear) está ironicamente em boa forma neste momento."

Se, por um lado, as centrais nucleares não emitem gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, por outro, essa indústria tem sido abatida pelos custos exageradamente altos de construção e pelas controvérsias sobre o armazenamento dos resíduos nucleares.

A expansão doméstica de exploração de petróleo e gás é um objetivo importante para os republicanos e esses componentes, em um projeto de lei de mudanças climáticas, "ainda está 100% em fluxo", disse a fonte do Senado.

Apesar de que produzir mais petróleo e gás não faria nada para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, reduziria a dependência americana do petróleo estrangeiro e isso poderia potencialmente atrair votos republicanos.

Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,obama-quer-aprovar-lei-de-mudancas-climaticas-nos-eua,492771,0.htm